Como minha música favorita...

Já fazia tempos que eu não me sentia assim e ver ele novamente naquela tarde cheia de nebrina e de céu cinza foi como cortar novamente um machucado que nunca cicatrizou. Nostalgia era a doença que sofria de tempos em tempos e a cura? Bem ainda é uma doença rara.
Quando começamos essa história eu sabia que no final sempre seria igual minha música favorita, e ela nem tocou muitas vezes, não precisou. Você se encarregou de destruir o meu final feliz e colocar um ponto aonde deveria ser apenas uma vírgula.
Não fique chateado, também lhe devo uma. Naquela manhã quando veio se despedir, eu já sabia, eu sempre soube. Quando se tem alguém como você é tolice acreditar em durabilidade.
Você sempre foi como um  gato, vinha quando lhe agradava, ia embora quando menos se esperasse. Nós sabíamos que os últimos meses não foram o esperado das nossas grandes férias juntos, mas também não poderia ser muito diferente.
Quando se entra em um relacionamento com pendências passadas é sinal de dependência. E era isso que eu mais temia, adiava, fingia não acreditar. Eu juro, me esforcei. Troquei minhas manias, mudei de fragrância, até comecei a gostar de biscoito doce, mas nada disso fez diferença, para você eu não fazia a diferença. E quando isso acontece, bem não se tem muito pelo que lutar.
Quer saber a verdade? Quando te conheci e você me disse todos os seus defeitos e manias, eu realmente achei que um personagem literário tinha caído em meus braços e sim aquilo me deixou excitada! Mas o tempo foi passando, você foi deixando se esquecer e foi me perdendo em páginas amassadas. Eu não queria me tornar algo que se acostuma, eu queria ser desejada, apenas amada. Sabe quando te conheci aquela tarde eu não queria mais ninguém e mesmo assim te desejei, me entreguei, me doei.
Acho que meu maior erro mesmo foi não ter partido antes, antes disso tudo acontecer, antes de você resolver me picar em pedaços, antes do vazio, da dúvida, do desapego.
No final foi como aquela música da minha cantora favorita, que tocou no nosso primeiro beijo, mas sim você já deve ter esquecido, não te cobro sabe, só não queria ter sido esquecida como um amor passageiro desses de verão. Mais é sempre assim, você se entrega, se doa, e então se desperdiça, embora fui avisada. Na música dizia: "quando se ama alguém mais que a si mesmo, esse alguém esquece de te amar pois quando um ama demais ele ama por dois, sozinho". E quando a música terminou naquela quinta-feira nublada desse jeitinho como esta hoje, você também se foi.
O que me cortou não foi o fato de você ter partido, não foi o fato de você não ter se importado, foi que quando você partiu você esqueceu de me devolver e levou consigo tudo o que eu tinha, tudo o que eu era. E até hoje, a cada ida e vinda, a cada encontro inusitado, olhar perdido, sorriso torto, lembranças puras eu ainda tento me encontrar e quem sabe lacrar esse vazio que ficou. Não dói, é sério, apenas não sinto mais nada.

1 comentários:

  1. E não sentir às vezes é pior do que sofrer.
    Lindo texto. Lindo blog.
    A propósito, que música é essa que tem uma frase tão marcante? Estou passando por algo parecido, gostaria de ouvir.

    Beijinhos :3

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